Uma pesquisa realizada pelo Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil, indica que mais da metade dos estudantes de instituições de ensino superior privadas gostariam de ter aulas totalmente presenciais após o fim da pandemia, mas um quinto já mostra preferência pelo formato híbrido (online e presencial).
Para Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, os dados subsidiam uma percepção de que o setor deverá passar por transformações. Com a quarentena decretada em março para conter a disseminação do coronavírus, as faculdades fecharam as portas, mas logo adotaram aulas remotas. O levantamento indica que 99,1% das instituições privadas migraram para o ensino remoto – nas públicas, o porcentual é de 41,8%.
“A experiência não foi maravilhosa. Uma questão colocada pelos professores é que há participação baixa dos alunos”, diz Capelato. “Por outro lado, há casos em que alunos e professores avaliaram bem, porque um professor usou metodologia diferente, dividiu a sala em grupo, conseguiu trabalhar de forma individualizada.”
A pesquisa indica que quase metade dos estudantes classificou a experiência de aulas virtuais como boa ou ótima – e a maioria entende que a solução foi a mais apropriada diante da situação. 83,8% dos estudantes das faculdades privadas concordam que o modelo de aulas remotas adotado pela instituição foi o mais adequado para o momento.
Para os próximos meses, há uma tendência, segundo Capelato, de se manter as aulas remotas combinadas com os encontros virtuais. O modelo atende parte dos estudantes que trabalha e tem de enfrentar trânsito para chegar à faculdade. “Há grande probabilidade de, depois da pandemia, continuar de forma mesclada. Os encontros presenciais seriam mais para aulas práticas e laboratoriais, apresentações de seminários, resolução de problemas em grupo. Pode ser um ensino muito mais rico”, diz Capelato.
A pesquisa mostrou que mais da metade dos alunos (52,3% na rede privada) preferem continuar com aulas totalmente presenciais após a quarentena. Mas, apesar de cursarem uma graduação presencial, 18,8% gostariam de continuar com aulas remotas ao vivo e 21,7% de que o curso fosse oferecido de forma híbrida (presencial e online).
Segundo a pesquisa, um dos desafios do ensino remoto nas faculdades é tornar as aulas mais atrativas. 37,9% dos estudantes discordam que os professores tenham conseguido apresentar aulas atrativas. Os professores também discordam de que os alunos tenham ficado mais participativos nesse modelo de classe.
As avaliações também devem se diversificar. Nas instituições privadas, a maioria dos professores tem avaliado os alunos com prova de múltipla escolha (50,3%). “Isso faz com que o desempenho tenha melhorado muito. Mas a gente sabe que efetivamente ele (o aluno) está consultando o Google. Se o aluno no ensino remoto fecha a câmera, o microfone e, na hora da prova, pode colar, isso vira um desestímulo. Tem de tomar cuidado para repensar esses modelos.”
A pesquisa Adoção de Aulas Remotas – Visão dos Alunos e Docentes foi realizada pelo Instituto Semesp de 6 a 15 de julho de 2020, com a participação de 2.588 alunos e 413 professores de instituições de ensino superior públicas e privadas no Brasil.
Queda de ingressantes
Com a incerteza econômica na pandemia, faculdades particulares têm queda do número de calouros e diversificam benefícios na tentativa de manter veteranos e atrair novos alunos. O Semesp calcula cerca de 350 mil ingressantes em instituições privadas do País no meio do ano – queda de 56% em relação ao mesmo período de 2019, com 800 mil calouros.
Como o Estadão mostrou, bolsas de estudo, seguros educacionais, convênios com lojas de eletrônicos e até chip de internet são oferecidos aos universitários. Desemprego e queda na renda explicam a redução no número de calouros no meio do ano.
Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) com a Educa Insights, mais da metade dos alunos ouvidos, de um total de 748, disse que a faculdade ofereceu condição diferente para a rematrícula – descontos nas mensalidades são a vantagem mais comum.
Fonte: ABMES
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