Com a desaceleração da pandemia em alguns estados e regiões, como a Capital e a Baixada Santista, começam a car mais claros os diversos impactos da covid-19 no País. Há os efeitos evidentes na questão sanitária e no desemprego, mas educação pública e privada, construção civil, Poder Judiciário, tratamento de doenças que não a Covid-19 e mudanças sociais e econômicas decorrentes do uso mais intensivo da tecnologia aceleram o passo rumo às transformações. Especula-se qual é o tão falado novo normal, sobre o qual não se tem certeza, porém, é necessário desde já se preparar para as mudanças, o que é um desao para um País acostumado a resolver seus problemas no afogadilho. Passado o momento do sufoco para tratar os doentes e confortar quem perdeu seus entes, planejar frente à novas necessidades se tornou essencial.
No caso da educação, ao mesmo tempo em que ainda não se sabe até que ponto os estudantes de todas as faixas etárias poderão aprender de forma on-line, há um efeito negativo que pode ser avassalador – a evasão. Problema esse que está associado à queda brusca da renda das famílias. Esse empobrecimento dependerá do impacto da injeção de recursos públicos para sustentar o emprego e as empresas. O tempo do socorro vai depender da duração da pandemia. Como o novo coronavírus se alastra progressivamente pelo País, conclui-se que os riscos econômicos são elevadíssimos. Sem dinheiro, alunos das redes públicas podem abandonar a sala de aula para tentar ajudar a sustentar a família. Por outro lado, pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) apontou que 42% dos estudantes podem trancar suas matrículas no País.
Há também reexos estruturais em setores inteiros, como o da construção. As dúvidas se concentram no uso do espaço. É possível que os imóveis compactos estejam com os dias contados, assim como torres inteiras ocupadas por um só grande inquilino. Ambos os casos estão associados ao avanço do home oce. Não se sabe até onde o teletrabalho avançará, mas são várias as empresas do setor nanceiro que pretendem manter seus funcionários em casa. Daí a necessidade de moradias mais confortáveis. Essas mudanças não são só perdas – há oportunidades. É o caso da já esperada proliferação de galpões especializados para o <FI5>e-commerce</FI>. Entretanto, se o comércio on-line crescer tanto, como os vendedores físicos conseguirão empregos?
Restam ainda outros impactos mais momentâneos e que podem se transformar em problemas se forem empurrados com a barriga. É o caso dos pacientes de tratamentos agendáveis adiados para permitir a atenção contra a pandemia ou os processos judiciais acumulados devido às regras do isolamento.
Os efeitos da pandemia vão exigir não só sacrifícios individuais, com sérios impactos psicológicos, mas também novos usos dos recursos públicos. O desao brasileiro é se mostrar eciente e saber planejar seu futuro.
Fonte: ABMES