Retomada à vista!

Celso Niskier

Celso Niskier, Vice-Presidente do SEMERJ e  Diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)Reitor do Centro

29/11/2021 06:00:01

A última pesquisa de cenário realizada pela ABMES em parceria com a Educa Insights traz boas notícias para o setor educacional brasileiro, em especial para a educação superior: a demanda por um curso de graduação voltará a crescer a partir do primeiro semestre de 2022.

O levantamento ouviu mais de 1.000 potenciais alunos entre os dias 14 e 16 de novembro e reflete a confiança da população na vacina contra a Covid-19 e nos protocolos sanitários estabelecidos pelas instituições de educação superior (IES). Hoje, 63% dos entrevistados pretendem ingressar na faculdade no começo do próximo ano. Esse índice é 25 pontos percentuais superior ao registrado no mesmo período de 2020, quando a chegada da vacina aos nossos braços parecia ser um sonho distante. Naquele momento, apenas 38% dos potenciais estudantes previam ingressar em uma graduação no primeiro semestre de 2021.

O otimismo dos entrevistados em relação a 2022 também fica evidenciado quando comparados os dados entre aqueles que pretendem cursar uma graduação na modalidade presencial e os que têm preferência pela educação a distância. Enquanto 62% dos potenciais estudantes de um curso presencial planejam ingressar em uma IES já no primeiro semestre de 2022, na EAD esse percentual é de 67%. Esse dado mostra que o receio de retomar as atividades presenciais praticamente não existe mais.

Contudo, embora a pesquisa tenha feito a separação dos prospects entre presencial e EAD, outra constatação que ficou muito clara é a de que o futuro do ensino é híbrido. Questionados sobre como distribuiriam 100 horas do curso entre os momentos contemplados no modelo dos quadrantes híbridos proposto pela ABMES, essas horas ficariam assim distribuídas: 45 com atividades presenciais síncronas; 23 presenciais assíncronas; 16 virtuais síncronas; e outras 16 de virtuais assíncronas.

Esse novo formato é reflexo dos horizontes que foram abertos durante a pandemia de Covid-19, quando o ensino remoto passou a ser a única alternativa e, ao mesmo tempo, contribuiu para reduzir o preconceito com atividades a distância e propiciou o desenvolvimento de práticas pedagógicas mais conectadas com o perfil do estudante deste século. Assim, é importante que as IES aproveitem a oportunidade de retomada das matrículas para oferecer aos alunos uma grade inovadora.

Por fim, também merecem destaque os desdobramentos da intensificação da crise econômica entre os potenciais estudantes. A redução da renda familiar, aliada ao encolhimento substancial no Fies nos últimos anos, fez da nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) um novo instrumento de acessibilidade. Mais do que usá-la para concorrer a uma vaga, 79% dos entrevistados afirmaram que fizeram a avaliação com o objetivo de conseguir o melhor desconto possível em uma instituição particular de educação superior. Apenas 10% pretendem usar o resultado do exame para ingressar em uma graduação por meio dos programas governamentais.

O cenário para 2022 está mapeado e é bastante otimista. O interesse de potenciais alunos em efetivar a matrícula em um curso de graduação já no primeiro semestre é o mesmo verificado antes da pandemia. Contudo, o sucesso dessa retomada também vai depender de quanto as IES estão dispostas a se reinventarem na oferta de cursos mais atrativos e o quanto poderão colaborar com aqueles prospects pertencentes às camadas de renda mais baixas. A tomar pelo sucesso na adesão das instituições à campanha #EuSouOFuturo, acredito que temos tudo muito bem encaminhado para um ano novo bastante promissor.

FONTE: ABMES