Celso Niskier
Celso Niskier, Vice-Presidente do SEMERJ e Diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)Reitor do Centro Universitário UniCarioca
05/02/2023 06:00:01
“A educação digital é uma nova forma de aprendizagem que vem ganhando cada vez mais espaço no mundo inteiro. Com o avanço da tecnologia, é cada vez mais possível aproveitar as vantagens da educação digital para melhorar o processo de ensino-aprendizagem.
A educação digital permite que os alunos tenham acesso a informações e recursos de aprendizagem de forma mais rápida e eficiente. Além disso, as plataformas de educação digital também oferecem aos professores novas maneiras de ensinar e avaliar o conhecimento dos alunos. Com a educação digital, é possível personalizar o ensino para cada aluno, levando em conta suas habilidades, interesses e necessidades.
A educação digital também possibilita a colaboração em tempo real entre alunos e professores, independentemente de onde eles estejam. Isso significa que é possível ter aulas on-line e discutir tópicos com colegas e professores ao redor do mundo. Além disso, a educação digital oferece acesso a recursos interativos, como vídeos, animações, jogos e simulações, que tornam o processo de aprendizagem mais interessante e envolvente.
No entanto, é importante lembrar que a educação digital não deve ser vista como uma solução mágica para todos os problemas da educação. A integração da tecnologia deve ser feita de forma equilibrada com as práticas pedagógicas tradicionais, para que os alunos possam desenvolver não apenas habilidades digitais, mas também habilidades sociais e emocionais importantes.
Em resumo, a educação digital é uma grande oportunidade para aprimorar o processo de ensino-aprendizagem. Além disso, a educação digital oferece uma nova forma de aprendizagem, mais rápida, eficiente e personalizada, permitindo que os alunos colaborem e tenham acesso a recursos interativos de aprendizagem. No entanto, é importante garantir que a educação digital seja integrada de forma equilibrada com as práticas pedagógicas tradicionais para garantir uma educação completa e equilibrada.”
O texto acima está entre aspas porque foi integralmente redigido pelo ChatGPT, uma ferramenta de escrita baseada em inteligência artificial que, ao fazer a combinação de bilhões de informações, costuma entregar ao usuário textos coerentes e de fácil compreensão. A redação dos seis parágrafos e do título, inclusive com o erro de concordância que foi mantido, demorou pouco mais de 1 minuto e foi acionada por um comando bastante simples: “escreva um artigo sobre educação digital”.
Desde que foi lançada, em 30 de novembro de 2022, a ferramenta tem impressionado por seu desempenho e gerado debates sobre seu uso em diferentes esferas, inclusive na educacional. O uso do chatbot por estudantes para a elaboração dos trabalhos escolares e acadêmicos é uma possibilidade real que precisa ser considerada.
Esse debate que está ganhando corpo em todo o mundo. Aqui no Brasil, as faculdades estão buscando alternativas como avaliações voltadas para a resolução de problemas e até a retomada dos trabalhos escritos à mão. Em Queensland (Austrália) e Nova York (Estados Unidos), as escolas já proibiram o uso do ChatGPT. Na África do Sul, universidades optaram por incorporar a ferramenta no processo de ensino-aprendizagem. Mas como ficam questões como cola, plágio e integridade acadêmica nos textos produzidos pela inteligência artificial?
Como se vê, apenas no âmbito educacional há um conjunto enorme de questões a serem debatidas e encaminhadas. Quando achávamos que nossos grandes desafios imediatos seriam superar a defasagem educacional resultante da pandemia e estabelecer modelos educacionais mais alinhados ao século 21, a inteligência artificial nos impõe novas realidades e necessidades.
E para quem ainda duvida da capacidade do ChatGPT, o professor do Insper Tiago Tavares pediu à ferramenta que resolvesse o Enem 2022. Com um desempenho muito bom na prova de ciências humanas e médio na de matemática, o chatbot teria feito cerca de 614 pontos, o que lhe garantiria uma vaga em instituições federais de educação superior em cursos como ciências biológicas, engenharia elétrica e psicologia.
Para ajudar as instituições de educação superior, na próxima semana (14/02) a ABMES realiza o seminário virtual ChatGPT: os impactos na educação superior. O evento acontecerá a partir das 9h, no YouTube da Associação, e abordará questões como a adaptação dos planos de ensino, das avaliações e a formação dos professores para lidarem com a tecnologia.
A educação digital é importante para integrar o estudante ao mundo, dando a ele instrumentos e habilidades cada vez mais demandadas tanto pelo mercado de trabalho quanto pela vida em sociedade. Já o uso do ChatGPT é um ponto sobre o qual ainda não há consenso sobre como lidar com ele no âmbito das escolas e universidades. O fato é que a tecnologia está cada vez mais inserida no universo educacional, com todos os seus desdobramentos. A transição da educação do século 19 para a do século 21 passa pela compreensão e pela inserção dos estudantes nesse novo mundo.