Um dia dedicado à excelência na docência

Celso Niskier, Vice-Presidente do SEMERJ e  Diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)Reitor do Centro Universitário UniCarioca

Em 19 de agosto, cerca de 50 representantes de instituições de educação superior (IES) de todo o país se reuniram em São Paulo/SP para aprender e debater sobre práticas docentes com uma das maiores especialistas do planeta: Janet Carlson, professora associada e diretora do Centro de Apoio à Excelência no Ensino da Universidade de Stanford, localizada na Califórnia (Estados Unidos).

Realizado ao longo de todo o dia, o Seminário Internacional Práticas Essenciais na Formação Docente foi conduzido pela especialista, que apresentou teorias e práticas de engajamento em sala de aula que precisam ser contempladas pelos cursos de formação inicial de docentes que almejam colocar no mercado de trabalho professores capacitados para lidarem com os estudantes e as demandas deste século.

Partindo da premissa de que ensinar é uma prática que pode ser aprendida, Janet Carlson apresentou ao grupo as ideias-chave sobre a formação de professores baseada na prática, bem como as principais práticas para otimizar a aprendizagem.

Ao destacar que as práticas essenciais não consistem em uma lista de competências ou em técnicas à parte de princípios e teoria, a professora de Stanford ressaltou a importância de os docentes investirem em técnicas que evidenciam o pensamento do aluno; facilitam a discussão em sala de aula; criam uma comunidade na sala de aula; conectam o conteúdo acadêmico ao conhecimento e à experiência cultural dos estudantes; e utilizam a avaliação formativa para apoiar o aprendizado do aluno.

O encontro foi mais um dos resultados já apresentados pelo Grupo de Trabalho Qualidade na Formação Inicial Docente, encabeçado pela ABMES juntamente com o Instituto Península, a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) e o Movimento Profissão Docente. A iniciativa tem como objetivo refletir sobre o professor que queremos e quais fatores de qualidade devem ser garantidos durante a formação inicial para que estejam melhores preparados para o início da docência.

A primeira entrega consiste no relatório com as conclusões dos debates e reflexões realizadas durante cinco encontros on-line realizados entre setembro e dezembro de 2021 que contaram com a participação de 21 IES de todo o país. O esforço mapeou características e comportamentos que devem ser intrínsecos aos professores, como ter compromisso com a aprendizagem de todos; saber se relacionar e ter competências socioemocionais desenvolvidas; e conseguir gerar ambientes de aprendizagem, contemplando sua diversidade e complexidade.

As mudanças trazidas pelo século 21 estão impondo aos profissionais de quase todas as áreas que repensem a sua atuação, cenário potencializado após os dois anos de pandemia. Entre os docentes, a reconstrução das práticas pedagógicas já estava em curso quando as escolas precisaram ser fechadas do dia para a noite. Agora, boa parte do que estava sendo construído não vale mais. Os professores não são os mesmos. Os estudantes não são os mesmos. O mundo não é mais o mesmo.

Vamos seguir contribuindo com a construção de um novo modelo pedagógico e de um novo docente que dialoguem com esse novo mundo. Até porque, como Janet Carlson lembrou muito bem, “ensinar é um ato de justiça social” – e poucas coisas são tão importantes na atualidade quanto romper com as disparidades de oportunidade de aprendizado e crescimento pessoal