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JOVENS DEIXAM INGRESSO NO ENSINO SUPERIOR PARA O COMEÇO DE 2022

O aumento de novas matrículas na graduação on-line no vestibular do começo do ano gerou uma expectativa de que 2021 seria o ano da retomada para o setor de ensino superior, que sofreu fortes quedas em 2020. No entanto, esse otimismo não deve se concretizar. Isso porque os jovens na casa dos 20 anos, público ingressante das faculdades, está tomando a primeira dose da vacina agora, ou seja, ao mesmo tempo do início das aulas e ainda há uma insegurança para o retorno presencial. Além disso, há uma crise econômica – o que empurra a recuperação do setor para o começo de 2022.

Pesquisa da consultoria Educa Insights, com 1 mil entrevistados em todo o país no início de agosto, mostra que 44% dos jovens pretendem se matricular somente no início do próximo ano, tanto na modalidade de cursos presenciais quanto on-line. “Ainda há uma insegurança sobre o presencial neste momento. Além disso, também pesa a questão financeira para o ingresso no ensino superior”, disse Daniel Steigleder, sócio da Educa Insights, que fez o levantamento em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).

A gestora de crédito estudantil PraValer prevê crescimento na demanda no atual processo seletivo, quando comparado ao mesmo período de 2020, mas seu maior otimismo também se concentra no começo de 2022. A gestora acaba de captar no mercado R$ 176 milhões, totalizando R$ 367 milhões de recursos levantados nesse ano.

Mesmo em relação à retomada no início de 2022 ainda há um ponto de atenção: a queda de 77% no número de alunos inscritos no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Apenas 3,1 milhões de estudantes – o menor volume desde 2005 – vão realizar a prova que dá acesso às universidades públicas e privadas, marcada para novembro. Nas particulares, os alunos usam as notas do Enem para obter bolsas, descontos e financiamentos de mensalidades.

Em relatório de julho, quando foi publicada a prévia de inscritos do Enem, o BTG destacou em relatório que a forte redução gera incertezas sobre a retomada em 2022, no entanto, ainda não é possível mensurar os impactos sobre a captação, uma vez que os alunos podem usar as notas de edições passadas do exame para ingressar em faculdades particulares.

Os processos seletivos de verão e inverno, que ocorre no meio do ano, são acompanhados com lupa porque são nesses períodos que os grupos educacionais obtém novas receitas com os calouros e quando há renovação de matrículas dos veteranos.

A Yduqs estima que neste segundo semestre haja um crescimento acima de 10% no volume de calouros e queda de até 5% no valor médio da mensalidade nos cursos a distância. Já no presencial, a estimativa é de aumento entre 5% a 10% no volume e de 5% no tíquete médio. “A Yduqs tem cursos de medicina e premium, que podem ajudar a elevar a média do mercado. Nossa projeção para o setor é que o atual vestibular de inverno empate com o de 2020”, disse Steigleder.

Entre as companhias de ensino superior listadas na B3 e Nasdaq que oferecem cursos a distância todas cresceram nessa modalidade de aprendizado e perderam alunos em cursos presenciais no primeiro semestre. Na Ânima, há um crescimento na base presencial devido à aquisição da Laureate Brasil que fez o grupo dobrar de tamanho.

No segmento presencial, a exceção são os cursos de medicina e saúde. Na Afya, a base de alunos de medicina saltou 47% ou 21,5% considerando apenas o crescimento orgânico. Nas demais graduações na área da saúde o aumento foi de 24,5%. Já nos outros cursos, houve uma queda de 3,4%.

No primeiro semestre, as companhias de ensino superior com capital aberto (com exceção da Ser) registraram melhora no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). A Ser teve queda devido ao impacto de maiores gastos com o retorno presencial. Essa despesa deve inclusive, impactar o resultado do terceiro trimestre das companhias. A Kroton e Ser já sinalizaram queda de margem por conta desse gasto.

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FONTE: ABMES

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