As abordagens pedagógicas híbridas deixam de ser uma tendência e passam a ser uma proposta metodológica que atendem as necessidades do mundo atual decorrente das forças disruptivas impulsionadas pela transformação digital
A sala de aula física como único espaço legítimo de aprendizagem não é algo que se sustenta no mundo atual, na era conectada, em rede. A geração que hoje chega à sala de aula busca o uso de recursos tecnológicos juntamente com os físicos para otimização do próprio aprendizado.
Hoje, podemos afirmar que “sala de aula” é meramente uma nomenclatura para referir-se ao local de encontro formal entre estudantes e professores para a aprendizagem. Com a abertura de caminhos para arranjos pedagógicos mais flexíveis, o local específico onde o estudante se encontra será cada vez mais um elemento trivial e insignificante; assim, a sala de aula do futuro será digital e cada vez mais híbrida.
Vale lembrar inclusive, que em novembro de 2021, o Ministério da Educação abriu uma consulta pública para recolher contribuições para composição do documento que apresentará as Diretrizes Gerais sobre a Aprendizagem Híbrida. No texto referência o entendimento sobre a aprendizagem híbrida é uma “metodologia flexível de ensino, mediada por tecnologias de informação e comunicação em todos os níveis de educação básica, superior e técnica.”
O projeto de resolução leva em consideração os desafios pela busca de novos caminhos para a reorganização das dinâmicas de ensino e de aprendizagem na educação brasileira decorrente das experiências pedagógicas recentes, geradas pelos os efeitos criados pela pandemia do novo coronavírus.
Diferentes denominações
Ensino híbrido, aprendizagem híbrida, educação híbrida são denominações que vem circulando no contexto educacional e geram uma certa insegurança sobre qual a forma mais adequada para referir-se às abordagens pedagógicas híbridas, principalmente no cenário futuro em que a hibridização será uma das principais inovações praticadas nos próximos anos. Mas, o que significam estas denominações? Será que trazem ideias diferentes?
Antes de iniciar os esclarecimentos, é preciso fazer uma ressalva: estabelecer definições consensuais no campo teórico educacional não é e nunca será fácil. Além do mais, não há a pretensão de se esgotar esta discussão, mas gerar algumas reflexões para que se possa avançar nestes pontos conceituais.
Experiência de aprendizagem
Independente da forma como é usado, podemos afirmar que as abordagens híbridas se referem a uma experiência de aprendizagem intencional que integra as atividades realizadas presencialmente com atividades realizadas de forma online, possibilitando a apropriação do conhecimento com algum controle do tempo e ritmo com foco na personalização do aprendizado do estudante.
Em síntese, no momento presencial, o estudante realiza atividades convencionais, como o estudo em grupo, resolução de atividades e trocas de saberes com professor e o grupo. De modo geral, são momentos em que são valorizados a interação e o aprendizado coletivo e colaborativo de maneira presencial. Já no momento online, o estudante consegue controlar os elementos do seu estudo, como o tempo, o modo, o ritmo ou o local da maneira que considera suficiente para aprender, aproveitando o potencial que os recursos tecnológicos oferecem.
Destaca-se que o momento online é mais flexível e sua estruturação pode ocorrer em momentos síncronos e assíncronos, ou seja, em situações nas quais professores e alunos trabalham juntos num horário pré-definido, ou em horários flexíveis. No modo síncrono, todos os estudantes devem realizar atividades simultaneamente e em tempo real, por exemplo, aula ao vivo, fóruns, bate-papo etc. Já no modo assíncrono, cada estudante pode acessar os conhecimentos em seu próprio tempo e ritmo, por exemplo, leitura do texto, resolução de atividades etc.
Combinações com a previsão da criação de objetos de aprendizagem, como o microlearning, vídeos, conteúdos em áudios, ensino presencial, ensino telepresencial, atividades síncronas e assíncronas, laboratório de simulações virtuais, roteirização de atividades, semanas de imersões presenciais e online, meetups etc., são apenas alguns exemplos que podem ser incorporados em modelagens híbridas.
O Futuro é híbrido
Com tantos aprendizados trazidos pela necessidade de flexibilização e adaptabilidade impostas pelo cenário da pandemia do COVID-19, pode-se afirmar que as abordagens metodológicas híbridas catalogadas não são suficientes para registrar todas as diversas possibilidades de combinações que as integrações de atividades presenciais com atividades online podem oferecer.
Ocasiões incomuns como o cenário pandêmico encurtam os prazos para criação de novas possibilidades. O que normalmente é criado com base em experiências de longo prazo ou em reflexões acadêmicas são postas em jogo como soluções viáveis, mesmo que o tempo de gestação não tenha sido terminado.
A necessidade impõe-se como determinante no desenvolvimento de metodologias inovadoras que via de regra levariam um tempo maior e uma amplitude menor se dentro de condições normais de elaboração. Embora a probabilidade de equívocos aumente, os resultados atuais apresentam uma ótima resposta aos desafios de adaptabilidade e satisfação do ensino e da aprendizagem. O futuro da educação é híbrido.
Fonte da Notícia: REVISTA ENSINO SUPERIOR
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