ESPECIALISTAS DEBATEM COMO A TECNOLOGIA E A INOVAÇÃO PODEM ATENDER AOS DESAFIOS DA APRENDIZAGEM PÓS-PANDEMIA

As salas de aula agora estão dentro da casa dos alunos e dos professores. Essa é a realidade desde que a pandemia da Covid-19 interrompeu o contato social e as atividades presenciais de educação por todo o país. Com isso, a transformação digital chegou muito antes do esperado e acelerou o processo que, em outros momentos, levariam muitos anos para serem implementados.

Ao migrar a realização das aulas para o formato remoto, as instituições particulares de ensino superior (IES) mantiveram o calendário escolar no primeiro semestre deste ano e, aos poucos, retomam o novo ciclo ao longo deste mês. Todas elas estão amparadas pela Portaria nª 544, do Ministério da Educação (MEC), que autoriza, até 31 de dezembro, a substituição das aulas presenciais por uso de recursos tecnológicos para oferta das disciplinas, inclusive de atividades práticas e de laboratório em boa parte dos cursos.

O desafio de encontrar soluções em um momento emergencial foi superado e o passo seguinte está tanto em aprimorar os aspectos técnicos, quanto evoluir no processo de ensino-aprendizagem e na construção de conhecimento aos alunos. “A pandemia colocou luz sobre os questionamentos do modelo de ensino e de aprendizagem, a universidade como centro de pesquisa acadêmica e produção de conhecimento e como fonte de habilidades que não mais atender ao mercado de trabalho”, enumerou Juliano Costa, vice-presidente da Pearson Brasil.

Ele avalia que o modelo a ser adotado pelas IES deve atender às volatilidades do mundo atual (e do futuro) capacitando os alunos para um processo permanente de recomposição de habilidades por meio das tecnologias. “A universidade não é mais um polo seguro de futuro profissional, o modelo de hibridismo deve oferecer um ensino mais fluído porque a lógica analógica versus digital não existe mais”, comentou Costa.

Formação de empreendedores
“Em pouco tempo não vão mais falar em ensino à distância, o conceito de espaço tempo vai mudar. Também não existiram mais ex-alunos. Nunca se termina de aprender”, acrescentou Daniel Castilho. O vice-presidente da ABMES e presidente da Anima Educação ressaltou a importância de o aprendizado ser focado na formação de empreendedores. “Estamos na era do pós-emprego, em que os profissionais vão trabalhar como freelancer ou contratados por projetos. Eles precisam ser autônomos e motivados por um propósito”, afirmou em contraposição ao modelo de educação criado na Revolução Industrial, sem personalização e que os alunos “aprendiam para atender a outro alguém”.

Para Castilho há dois lados que precisam de atenção ao construir a aprendizagem após a pandemia: uma maior eficiência do “como”, com capacitação incorporação dos processos e infraestrutura tecnológica e o lado da eficiência, de “o que ensinar”, focando em conteúdo personalizado e atualizado à exigência pessoal e profissional do aluno. “O indicador que deveria ser criado para medir a eficiência é o aprendizado por hora (de ensino), afinal, o valor da universidade está em qual o impacto gerado na sociedade a partir do que se aprendeu na sala de aula”, avalia. “Não basta mais só o conteúdo técnico, é essencial o equilíbrio, as softskills”, complementou. Todo esse contexto deve estar associado aos ecossistemas locais e à criação de comunidades. “É nossa responsabilidade, como instituições, liderar a transformação local e melhorar a integração da comunidade”, conclui o vice-presidente da ABMES.

Tecnologia no presente
A prática pode ser muito mais acessível do que muitas IES imaginam. Fábio Negreiros, especialista em Soluções para Educação da Microsoft América Latina, empresa parceira da ABMES, explicou que os primeiros passos para a eficiência e eficácia do modelo híbrido pode começar agora mesmo. “A prioridade deve ser o letramento digital, a capacitação de técnicos, professores e alunos para o uso dos ambientes virtuais e da infraestrutura”, explica.

Negreiros também sugere que exista uma equipe multiplicadora liderada por um técnico educacional, a partir do treinamento junto às empresas, como a Microsoft, para disseminar e dar suporte interno nas IES. A experiência de parceria entre a empresa de tecnologia e a ABMES é um exemplo dessa trilha. Desde junho estão unidas com objetivo de promover a adoção de um currículo de Inteligência Artificial nas IES associadas, ajudando no desenvolvimento dos profissionais do mercado de trabalho atual, em rápida evolução tecnológica.

As reflexões e as análises foram feitas durante o webinar “Educação, tecnologia e inovação: os novos desafios da aprendizagem” promovido de ABMES como parte da programação do mês de aniversário de 38 anos da entidade. Evento on-line foi gratuito, coordenado pelo diretor presidente da ABMES, Celso Niskier e que, até o momento, teve mais de 2,8 mil visualizações.

Clique aqui e confira a íntegra do evento.

Fonte; ABMES