A pandemia e os dois anos de isolamento social congelaram os sonhos de vida de muita gente. Além da insegurança financeira, muitos sofreram também com a instabilidade emocional e com a própria saúde física. Agora, com o retorno à normalidade proporcionado pela vacinação em massa, um dos planos retomados tem sido o de cursar uma graduação.
O enfraquecimento da pandemia de covid-19 resultou em aumento de 35% no número de matrículas de estudantes em cursos universitários em instituições privadas no primeiro semestre de 2022. Os dados fazem parte da pesquisa “Observatório da Educação Superior: que cursos atraem mais os estudantes”, feita pela Educa Insights em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes). O estudo usou de amostragem 22 faculdades privadas das cinco regiões do Brasil.
A procura deve ser significativa também nos vestibulares de meio de ano. Pelo menos 50 instituições estão com os processos seletivos em andamento, com cursos nas mais variadas áreas, e com início das aulas previsto para o segundo semestre. Os modelos também variam: há opções no tradicional formato presencial, a distância, e híbrido. Entre algumas vantagens para quem estuda em um curso superior estão as perspectivas de melhoria de renda, crescimento intelectual e a criação de vínculos que podem progredir para parcerias profissionais – além das amizades, claro.
Sob efeito da covid, os modos remotos de ensino ganharam força e instituições de ensino adaptaram de forma permanente algumas formações para produtos totalmente digitais. Entretanto, as graduações presenciais ainda têm espaço garantido, principalmente em cursos nos quais o uso da infraestrutura é essencial, com estudantes frequentemente utilizando laboratórios e outros espaços práticos.
Com uma configuração que torna a ida à instituição imprescindível, a graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faap é um exemplo de curso que se mantém no formato presencial. “O estudante executa muitas tarefas, como criação de maquetes e protótipos, bem como atua em oficinas nas quais lida com diversos artefatos que fazem parte do dia a dia da Arquitetura”, afirma o coordenador do curso, Marcos Oliveira Costa. “Quando foi permitido o retorno ao presencial, nosso curso foi justamente um dos primeiros a voltar a ser como era antes da pandemia”, afirma.
Para o coordenador, o fato de se lidar com questões técnicas bem específicas, como cálculos e conceitos para a elaboração de desenhos técnicos e plantas, é outro motivo para se manter o formato presencial, pois grande parte dos alunos certamente nunca teve referência a tais temas no ensino médio.
METADE JÁ É EAD
Mas em 2020 o ingresso de alunos nos cursos de graduação a distância já foi maior que as inserções nos cursos presenciais. Conforme dados do último Censo de Educação Superior, dos 3,7 milhões de ingressantes no ensino superior em 2020, primeiro ano da pandemia, 53,4% preferiram os cursos remotos. A pesquisa da Abmes mostra a evolução do interesse pelo EAD. Em 2017, 81% dos consultados queriam ensino presencial e apenas 19% consideravam o EAD uma opção. Essas proporções passaram para 60% e 40% em 2020, no período pré-pandemia. No mesmo ano, mas depois da instalação da crise sanitária, o ensino a distância passou a ser uma alternativa para 78% do público, enquanto somente 22% queriam apenas a modalidade presencial.
Esse crescimento da oferta ocorre, em grande parte, pela conversão de cursos originalmente presenciais para o formato remoto. Foi o que aconteceu com a formação em Tecnologia em Gestão Ambiental do Senac. “Com a oferta EAD, conseguimos alcançar um público que não atingíamos no presencial”, explica a coordenadora, Sarah Fantin de Oliveira Leite Galvão. “Chegamos a locais do Brasil nos quais os desafios socioambientais são muito grandes e a demanda por pessoas qualificadas na área também. Além disso, há o benefício inerente à modalidade EAD, que dá ao aluno uma maior flexibilidade para estudar. Isso permite, dentre outras situações, que alunos que atuam no mercado conciliem seus estudos com o trabalho.”
HÍBRIDOS GANHAM ESPAÇO
O melhor de dois mundos. Essa é a proposta do ensino híbrido, também conhecido como blended learning. A modalidade propõe mesclar aulas presenciais com o ensino remoto – com o uso de tecnologias e metodologias ativas. Segundo a pesquisa da Abmes, foi a modalidade que mais cresceu: 43% de 2021 para 2022. O Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), por exemplo, oferece um portfólio de dez cursos híbridos, em Saúde, Comunicação Social, Engenharias, Arte e Design, e Ciências Humanas e Sociais. Há a previsão de lançar mais 12 graduações híbridas ainda em 2022.
Flexibilizações do antigo EAD também se consolidaram na pandemia. A Unip inscreve para vagas nos seus 27 câmpus em três frentes: presencial (60% da carga horária em sala de aula), EAD (100% online) e Flex (com um porcentual menor em sala de aula). O ingresso se dá por meio de prova on-line, pela segunda graduação, por transferência e, ainda, com uso da nota do Enem.
“A modalidade híbrida cria condições para que o aluno adquira independência, persistência e outros comportamentos que o tornem autônomo para conduzir a própria aprendizagem”, explica o coordenador de Educação a Distância (EAD) do Centro Universitário IESB , Juliano Barbosa Prettz. Para aprimorar os processos pedagógicos, a instituição faz contatos com instituições internacionais como a Universidade Aberta da Catalunha, na Espanha, e Miami Dade College, dos Estados Unidos, para oferecer treinamento aos professores.
FONTE: ABMES
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