Analistas projetam impacto de um Fies ampliado em grupos de ensino

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Quando o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva falou pela primeira vez em meados de setembro, ainda durante a campanha, que iria expandir o Fies (programa de financiamento estudantil), as ações das companhias de educação reagiram positivamente na B3, movimento que durou até o início de novembro, quando os papéis começaram a oscilar para baixo.

Os analistas Leandro Bastos e Renan Prata, do banco Citi, analisaram o tema, fizeram projeções e calcularam o impacto de um Fies ampliado – condição que ainda depende de uma série de fatores, em especial, do Orçamento da União.

A expectativa dos dois analistas é que o programa proporcione para Ânima, Cogna, Ser Educacional e Yduqs um aumento médio de 7% na receita e de 12% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) considerando um período de quatro anos, que é o tempo de duração de um curso de ensino superior.

Para chegar a esses números, Bastos e Prata consideraram um orçamento médio anual de R$ 19,5 bilhões para 250 mil vagas de Fies, por ano. O Fies atual concede cerca de 100 mil vagas, mas cerca de metade não é preenchida porque os alunos não conseguem se enquadrar.

As dificuldades do Fies atual são as exigências referentes a renda familiar, nota no Enem, burocracias junto à Caixa Econômica Federal e o sistema de cobrança, entre outras. Neste ano, os recursos destinados ao programa estudantil foram de R$ 5,53 bilhões.

As estimativas do Citi consideram cursos com mensalidade média de R$ 900, margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 35%, taxa de evasão de 10%, com os alunos arcando com 10% do valor da mensalidade. A projeção também assume que os atuais estudantes que pagam o curso do próprio bolso não migrem para o programa estudantil do governo federal. “O tamanho do programa e a sua adesão vão depender também muito da fatia que o aluno terá que pagar”, disse Bastos.

Com base nesse cenário e diante do impacto no orçamento, os analistas não acreditam que o programa seja sustentável a longo prazo e que por isso a crença é que as companhias de educação não devem aumentar sua capacidade instalada. “Temos uma visão mais cautelosa. Provavelmente seria necessário um grande empurrão fiscal para o programa mover a agulha, enquanto sua execução não é necessariamente um passeio no parque”, destaca o relatório do Citi.

Fonte da Notícia: VALOR