Max Damas
Assessor da Presidência do SEMERJ e da ABMES
Assessor da Presidência da FOA (Fundação Oswaldo Aranha)
“Pensar fora da caixa” é uma expressão que se refere à habilidade de pensar de maneira criativa, inovadora e não convencional. A “caixa” representa as limitações ou padrões habituais de pensamento que podem restringir a criatividade e a resolução de problemas. Quando alguém é encorajado a “pensar fora da caixa”, significa que deve explorar novas ideias, abordagens e soluções que vão além das convencionalidades ou das maneiras tradicionais de pensar. Pensar fora da caixa envolve a capacidade de desafiar suposições, questionar o status quo e considerar perspectivas diferentes para encontrar soluções únicas e eficazes.
Já “Ampliar a caixa”, é uma expressão relacionada ao conceito de pensar fora da caixa, mas com um foco adicional na expansão das fronteiras do pensamento convencional. Enquanto “pensar fora da caixa” sugere romper com as limitações tradicionais, “ampliar a caixa” implica em ir além dessas limitações e explorar conscientemente novas ideias, perspectivas e abordagens. Ampliar a caixa na criatividade envolve a disposição de estender os limites do pensamento, ultrapassar as barreiras estabelecidas e abraçar a diversidade de ideias. Isso significa estar aberto a influências externas, desafiando constantemente as suposições e experimentando novos caminhos criativos.
Em que ponto nossas IES e os líderes educacionais precisam operar? Pensar fora da caixa ou ampliar a caixa? Trago aqui a defesa pela ampliação da caixa. A primeira tem muito a ver com inconformismo e uma vontade genuína de mudança, já a segunda traz uma organização direcionada e estruturada para realização da mudança com base num repertório de experiências e conceitos consistentes e conectados.
Inúmeros são os fatores que levam à resistência à mudança ou a relutância em adotar novas ideias e projetos na gestão universitária:
- Universidades muitas vezes têm uma longa história e tradições estabelecidas. Isso pode criar uma cultura conservadora que valoriza a continuidade em detrimento da inovação;
- Estruturas organizacionais rígidas e hierárquicas podem dificultar a comunicação efetiva e a implementação de novas ideias, especialmente se a tomada de decisões estiver centralizada em um pequeno grupo de líderes;
- Desconforto com a ideia de mudança, especialmente se isso ameaçar as práticas estabelecidas ou a sensação de estabilidade;
- Limitações orçamentárias podem impedir a implementação de novas ideias, especialmente se houver preocupações sobre os custos associados à mudança;
- Cultura acadêmica que crie um ambiente onde a prioridade está na produção de conhecimento acadêmico em vez de mudanças nos métodos de ensino;
- Dificuldade por parte das lideranças de comunicarem efetivamente a necessidade e os benefícios de uma mudança.
Os desafios todos sabemos ou imaginamos, não desejo aqui apenas apontar, mas também trazer luz e um caminho de possibilidades. Ampliar a caixa de criatividade na gestão educacional é fundamental para enfrentar os desafios em constante evolução do campo educacional. Abaixo algumas estratégias que os gestores educacionais podem adotar para ampliar sua caixa de criatividade:
- Incentivar a cultura de inovação, onde novas ideias são valorizadas e encorajadas;
- Criar um ambiente que apoie a experimentação e a aprendizagem contínua;
- Estabelecer parcerias e colaborações com outras instituições educacionais, organizações e profissionais;
- Receber feedback regularmente de professores, alunos e outros membros da comunidade educacional;
- Valorizar a diversidade de perspectivas e experiências;
- Incentivar os gestores a buscarem constantemente oportunidades de aprendizado e desenvolvimento;
- Explorar e adotar novas tecnologias educacionais que possam melhorar os processos de ensino e aprendizagem;
- Estar atento às tendências tecnológicas e como elas podem ser aplicadas no contexto educacional;
- Colaborar com empresas, organizações sem fins lucrativos e outros parceiros estratégicos para trazer recursos adicionais e novas ideias para a instituição;
- Conectar-se com a comunidade local e envolver pais, responsáveis e membros da sociedade na definição de metas e na resolução dos desafios educacionais;
- Analisar o que deu errado, ajustar a abordagem e usar as experiências para melhorar futuras iniciativas;
- Estar ciente das últimas pesquisas e tendências na educação.
Ao ampliar a caixa, podemos explorar territórios inexplorados, abraçar a incerteza e abordar os desafios com uma mente mais aberta. Essa abordagem pode levar a insights mais profundos, soluções mais inovadoras e uma maior flexibilidade mental para lidar com problemas complexos. Em resumo, ampliar a caixa implica em ir além das fronteiras convencionais, abraçando a expansão do pensamento e a busca por novas possibilidades e perspectivas.
Para superarmos os desafios, é essencial que os líderes universitários adotem uma abordagem inclusiva, envolvendo todas as partes interessadas, comunicando efetivamente os benefícios das mudanças propostas e fornecendo suporte adequado para a implementação de novas ideias e projetos.
Como todos sabemos, educação funciona no longo prazo. A pressão por resultados imediatos, como taxas de matrícula e rankings acadêmicos, levam a uma ênfase na estabilidade em detrimento da inovação: é o famoso dilema da inovação, inimigo sorrateiro da criatividade e as suas caixas.