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ATÉ O FIM DE ABRIL, 78% DAS FACULDADES PARTICULARES MIGRARAM AULAS PARA AMBIENTES VIRTUAIS

Foto: ABMES

Após 45 dias do início do isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19 no Brasil, 78% das instituições de ensino superior particulares do país migraram suas atividades presenciais para aulas virtuais. As outras 22% preferiram optar por suspender as aulas ou o semestre. É o que mostra a 2ª etapa do levantamento da empresa de pesquisas educacionais Educa Insights, divulgado em pareceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). 

Segundo a pesquisa, realizada entre os dias 27 e 30 de abril, com 1.513 pessoas, em todas as regiões brasileiras, dentre as instituições que migraram suas atividades para o ambiente virtual, 89% delas já desenvolvem suas atividades de forma síncrona, a chamada “aula ao vivo”, ou assíncronas (gravadas). Ao analisar o percentual de estudantes que estão tendo aulas exclusivamente ao vivo, o número chega a surpreendentes 61%. Outras 28% utilizam tanto o formato simultâneo quanto atividades assíncronas. Enquanto que 11% utilizam exclusivamente o formato assíncrono, que é usado tradicionalmente na modalidade de Educação a Distância (EAD), conforme mostra o gráfico 1:

Dentre os estudantes que realizam suas atividades acadêmicas no ambiente virtual, 59% avaliam como positiva a experiência. Outros 18% se dizem indiferentes em relação ao novo formato, enquanto que 23% avaliam como negativa a metodologia emergencial adotada pelas instituições como alternativa à interrupção das atividades presenciais, conforme mostra o gráfico 2, acima.

“Temos aí um feedback muito importante dos alunos, com uma grande aceitação positiva do formato adotado pelas instituições para a continuidade das atividades presenciais em ambiente virtual, que na soma representa 77%. Outra informação valiosa apresentada pelo levantamento é que 89% das instituições estão utilizando ferramentas síncronas para a transmissão do conteúdo, mostrando a versatilidade e rapidez na adaptação à realidade imposta às instituições pela pandemia”, explica o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier.

Em um questionário de múltiplas escolhas, os estudantes indicaram os principais canais de comunicação com os professores utilizados pelas instituições de ensino superior. O uso de aplicativos de  webconferência, como Skype, Hangout, Zoom etc, foi apontado pela grande maioria dos estudantes (84%). Em segundo lugar, com 47%, aparece a utilização de ferramentas de “bate-papo”, os chamados chats. Em seguida, os estudantes indicaram ainda a utilização de e-mails para o compartilhamento de atividades e exercícios (44%), fóruns para postagens de dúvidas (27%) e por último, fóruns para discussão de temas genéricos sobre o curso, com 20%.

Assim como na primeira etapa do levantamento, mais de 90% dos alunos disseram querer dar continuidade aos estudos, apesar da pandemia. Somente 9% dos estudantes indicaram a intenção de desistir dos estudos, seja pelo curso escolhido ou pelo cenário provocado pelo novo coronavírus, conforme o gráfico 3. Quando perguntados sobre os impactos causados pela pandemia em sua vida acadêmica, 52% dos entrevistados avaliaram que a pandemia teve baixo impacto. Para 18% os efeitos foram médios, contra 30% que disseram ter sofrido alto impacto. Veja o detalhamento entre os estudantes das modalidades presencial e EAD no gráfico 4.

Impactos da pandemia na renda dos alunos
Como esperado, o fechamento de empresas e comércios em função do isolamento social imposto pela Covid-19 afetou o rendimento de parte dos alunos. Quando perguntados sobre este tema, 65% afirmaram não ter sofrido impactos significativos com a pandemia. No entanto, 20% informaram ter perdido o emprego em função da crise. O índice de demissões relatadas foi alto, porém, mesmo assim, somente 15% deste total informou que pretende deixar ou já deixou o curso.

A pesquisa quis saber também por até quanto tempo os alunos acreditam que podem continuar pagando suas mensalidades sem dificuldades financeiras. Mais de um terço deles (40%) disseram que conseguem pagar sem nenhum problema pelos próximos três meses. Outros 12% acham que conseguem manter os pagamentos em dia pelos próximos 6 meses. No entanto, 39% disseram que ainda não conseguem mensurar quanto tempo, mas acham que poderão ter problemas em algum momento.

Falando especificamente das mensalidades do mês de abril, 86% dos alunos disseram que realizaram o pagamento, ainda que fora do prazo de vencimento. 7% informou que ainda não efetuou o pagamento, e deverá fazê-lo no decorrer do mês de maio. Já 7% dos entrevistados informaram que não sabem quando poderão efetuar o pagamento. “Este resultado é positivo, uma vez que o próprio índice de estudantes que perderam o emprego em função da pandemia foi superior. Isso demonstra a importância atribuída pelos alunos ao ensino superior”, avalia Daniel Infante, sócio fundador da Educa Insights.

Entre os estudantes que enfrentam alguma dificuldade para honrar com o pagamento da sua mensalidade, ¼ deles informaram ter recebido algum tipo de auxílio por parte da instituição de ensino onde estuda para se manter no curso. Desses, 26% disseram que a instituição ofereceu um plano de pagamento individual, enquanto que 74% foram atendidos em programas de facilitação do pagamento das mensalidades coletivos.

Quando perguntados quanto ao grau de satisfação dos alunos com as condições de auxílio ofertadas pelas instituições, 58% dos estudantes que receberam auxílio exclusivo avaliaram positivamente a medida. Já entre os estudantes que foram atendidos pelos programas de auxílio coletivos, os chamados planos horizontais, o grau de satisfação foi de 32%.

Futuros alunos
O estudo ouviu também pessoas que planejam iniciar um curso superior (prospects), presencial ou EAD, pelos próximos 12 meses. Mesmo diante de um cenário instável em decorrência do avanço do vírus no país, 20% dos prospects planejam iniciar sua graduação no próximo semestre. Outros 36% esperam ingressar em um curso superior no início de 2021. Enquanto 40% disseram que preferem esperar a situação normalizar e só então decidir o momento ideal para ingressar na faculdade. 4% afirmou ter interesse de ingressar em um curso superior somente no segundo semestre de 2021.

Levantamento
A segunda etapa do levantamento “Coronavírus e Educação Superior: o que pensam os alunos e prospects” foi realizado virtualmente entre os dias 27 e 30 de abril com homens e mulheres, de idades entre 17 e 50 anos, pertencentes às classes sociais A, B, C e E. Foram ouvidos 754 alunos de graduação, matriculados em cursos presenciais ou EAD de instituições particulares, há pelo menos 6 meses. Também foram entrevistados outros 759 potenciais alunos que tenham interesse de início em cursos de graduação presencial ou EAD em faculdades privadas nos próximos 12 meses. A terceira etapa do levantamento será realizada entre os dias 27 e 30 de maio.

Números da educação superior particular
Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2018, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), o segmento é responsável por 93,4% da oferta de educação superior do país, considerando as modalidades presencial e EAD.

Quanto às matrículas nas instituições de educação superior (IES) particulares, em 2018 o segmento foi responsável por 70,2% de todas as matrículas realizadas em cursos presenciais no país (4.489.690) e 91,6% das matrículas nos cursos EAD (1.883.584).

Sobre a ABMES
Criada em 1982, a entidade representa mais de 2.500 instituições particulares de educação superior de todo o país e desenvolve ações no âmbito político e na área acadêmica, como a realização de estudos sistemáticos sobre temas relacionados ao segmento particular.

Fonte: ABMES

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