Com o fim do primeiro semestre do ano letivo, o ensino remoto é uma realidade para estudantes universitários por conta da suspensão das aulas devido à pandemia do novo coronavírus. Mas aulas online até o fim do ano não são unanimidade entre estudantes e instituições.
O MEC (Ministério da Educação) publicou uma portaria na quarta-feira (17) liberando o ensino a distância até o dia 31 de dezembro no ensino superior. A USP (Universidade de São Paulo) anunciou que as aulas presenciais só serão retomadas na instituição em 2021 e que as atividades práticas deverão ser repostas entre janeiro e março do ano que vem.
Na portaria, o MEC flexibiliza as regras para estágio profissional e atividades laboratoriais, exceto para o curso de medicina. Decisão que desagradou entidades como o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), que deve acionar a Justiça contra a portaria.
Em texto divulgado, o Cofen diz que “estágio não-presencial é uma farsa, um verdadeiro estelionato educacional” nas palavras do presidente do Conselho, Manoel Neri. “No caso da enfermagem representa a banalização do ensino. Não podemos permitir que enfermeiros concluam o curso superior sem a realização de estágios onde prestem assistência a pessoas reais. Isto representaria um risco para a população que venha a ser assistida por estes futuros profissionais. Não podemos concordar que em nome da pandemia do novo coronavírus, o MEC, juntamente com segmentos do setor privado da educação, tente implementar um modelo de ensino tão lesivo à sociedade”, finalizou o presidente do Cofen.
A ABMES (da Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior) entende que as medidas facilitam o planejamento para a retomada das aulas presenciais gradualmente.
Na opinião do diretor presidente da ABMES, Celso Niskier, “as instituições terão todas as condições para fazer a transição com suavidade, podendo planejar as atividades atuais e a retomada das ações presenciais com tranquilidade e segurança jurídica. E garantir a proteção da saúde tanto dos alunos quanto dos funcionários e dos professores, que, em grande parte, integram o grupo de risco.”
Entre os universitários também não há unanimidade. Matheus Melhado, estudante do 9º semestre de engenharia civil, considera que “este semestre perdido” sem aulas práticas e sem acesso a programas específicos de computador só disponíveis na faculdade, ele sente que ficou um “vazio na formação acadêmica.”
“Sem aulas práticas, sem acesso a laboratório e aos programas que costumamos usar, realmente foi uma vivência ruim”, diz. “Espero que a universidade faça uma reposição dessas atividades que não tivemos, mas até agora não tivemos um posicionamento sobre isso.”
Para Karina Pereira Diniz, estudante do segundo semestre do curso de Direito, o impacto inicial no ensino remoto foi a falta de organização. “O primeiro mês não foi muito produtivo, as aulas eram mais curtas e estávamos perdidos nas matérias”, conta. “Posso dizer que gradualmente todos se acostumaram com a nova rotina e o curso segue da mesma forma que o presencial.”
“Creio que se os números de infectados pela covid continuarem altos, o ensino a distância será a melhor solução até o fim do ano, muito mais seguro para todos” conclui.
Fonte: ABMES
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