Por Sidney Zaganin Latorre*: Uma das discussões mais atuais sobre o acesso à educação brasileira refere-se às mudanças no Programa Universidade para Todos (ProUni) por conta da Medida Provisória assinada pelo Governo Federal no início de dezembro. As alterações vão ampliar o acesso de alunos de escolas privadas ao programa. Os estudantes egressos do ensino médio privado, pagantes ou bolsistas parciais passam a ter acesso ao benefício.
Além disso, as cotas raciais destinadas a pessoas com deficiência serão consideradas de forma isolada e não mais conjunta. Houve, portanto, ampliação no acesso, porém há muito a caminhar para combater as desigualdades no ingresso à educação superior.
Fora o fato de que em algumas áreas, mesmo que a formação acadêmica não seja a principal exigência, as oportunidades de emprego estão cada vez mais escassas e o estudo formal acaba sendo um diferencial competitivo.
Quando olhamos para 2022, o cenário é desafiador. Isso porque vamos continuar enfrentando as consequências da pandemia, como a queda nas matrículas pela conjuntura econômica, os problemas de democratização da conectividade, a necessidade de adaptação da infraestrutura das instituições por conta dos novos modelos que podem ser adotados, como o híbrido, entre outras.
De agora em diante, a aprendizagem vai requerer um olhar mais atento, pois muitos cursos demandam a presencialidade, além da imposição do ensino remoto. Modelos vão ter que ser repensados, ou seja, a prática pedagógica vai ter que ser revisitada.
Além da competência técnica, os profissionais do presente, que dirá os do futuro, precisarão ter inteligência emocional, capacidade empreendedora, resiliência e saber trabalhar em equipe. E a instituição educacional sempre é o melhor lugar para o letramento emocional.
Tentar reduzir danos
Por todo esse contexto, as universidades estão se preparando e melhorando os processos. Há instituições de ensino que estão considerando a ampliação das condições de acesso para alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação para fazer jus ao seu papel social. Tentar diminuir a evasão e ampliar a oferta é obrigação, principalmente no mundo pandêmico e pós-pandêmico.
Outro exemplo prático de ação que pode ajudar no ingresso dos jovens a estudarem e enfrentarem o mundo do trabalho com mais assertividade são eventos e iniciativas que façam a ponte entre profissionais de sucesso e estudantes, promovendo reflexões sobre o cenário laboral, as profissões do futuro, contemplando, inclusive, conversas sobre os dilemas emocionais dos jovens.
Por fim, o ensino superior é fundamental para o desenvolvimento de profissionais inovadores, empreendedores, com consciência social e altamente qualificados para ocuparem as melhores vagas no mercado de trabalho e é justamente por esse motivo que o acesso tem que ser fomentado.
*Sidney Zaganin Latorre é reitor do Centro Universitário Senac
Fonte da Notícia: REVISTA ENSINO SUPERIOR
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