Apesar de ter atuado no ensino superior privado como reitor do Mackenzie, como frisa diversas vezes, ministro pouco fala em soluções para este lado do setor, focando nas instituições públicas
O Ministro da Educação Milton Ribeiro explicou a polêmica declaração feita por ele em agosto para gestores e mantenedores durante o fórum anual de ensino superior, o 23º Fnesp. Naquele mês, o responsável pela pasta defendeu que “universidade deve ser para poucos”, mas na presente ocasião disse que estava apenas comparando o ensino técnico com o superior e que não foi compreendido, e que a repercussão da fala é “fruto de questões ideológicas e do analfabetismo funcional oriundo de escolhas pedagógicas equivocadas que foram feitas no passado recente no país”.
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Milton Ribeiro também se diz boquiaberto com “essa narrativa doentia que tenta atingir o governo” e que o querem, de fato, é abrir novas vagas nas federais, porém a questão esbarra na autonomia das instituições. Ele aproveitou o momento para mostrar os projetos do MEC sobre a criação de cinco novas unidades federais nas regiões norte e nordeste, onde há só uma instituição de ensino superior pública por estado.
EAD é bom, mas presencial é melhor
Para o ministro, o ensino híbrido e a distância (EAD) é uma forte tendência e ele acredita no formato, mas em sua visão a aula presencial é imprescindível para a educação, fazendo um apelo aos presentes para que não desprezem de vez os cursos presenciais, uma vez que trazem mais impacto para o processo de aprendizagem, segundo seu entendimento.
Contudo, apresentou propostas do “Reuni Digital”, que trata da expansão do ensino a distância para as instituições federais, como: ampliar o acesso e fomentar a permanência dos discentes na educação superior por meio do EAD, promoção de políticas de ampliação ao EAD, investimento em suporte tecnológico e aos estudantes em vulnerabilidade social.
Internet gratuita não é prioridade
Apesar de estar no plano um suporte tecnológico aos estudantes em situação de vulnerabilidade social, o ministro defendeu o veto do presidente em 2019, que tinha como objetivo oferecer ajuda financeira para internet de alunos e professores de escolas públicas, alegando que o setor educacional tem questões mais importantes e prioritárias.
“O que que um jovem de periferia e zona rural vai fazer com um tablet se não tem sinal de internet? O que eu estou querendo fazer com isso? Como posso investir R$3.5 bilhões para isso com mais de 6 mil escolas sem saneamento e energia elétrica ou telhados? Fiquei indignado”, declarou.
O Ministro Milton Ribeiro seguiu dizendo que muitos dos gestores presentes podem não ter entendido o porquê do veto, mas para ele o projeto estava muito ruim em termos acadêmicos, pedagógicos e até de gestão. Novamente, o ministro se pôs sob o guarda-chuva de entender as dores do setor privado, por ter atuado nele e que as pessoas de Brasília que desenvolvem tais projetos não têm a dimensão e experiência que ele possui. “Queremos soluções para assuntos que estão pendentes e são mais sérios”, concluiu.
FONTE: REVISTA ENSINO SUPERIOR
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