A pandemia vai acelerar a expansão do ensino a distância na graduação. A expectativa era que o volume de alunos em cursos on-line superasse a quantidade de matriculados no modelo presencial em 2023, mas esse movimento será antecipado em um ano, ou seja, deve ocorrer em 2022, segundo projeções da consultoria Educa Insights.
A base total de alunos no ensino superior privado é de 4,5 milhões em cursos presenciais e 1,8 milhão na graduação on-line, segundo o último levantamento do Ministério da Educação (MEC), referente ao ano de 2018.
“Levando-se em consideração que, desde o ano passado, a quantidade de calouros de cursos 100% on-line ou híbridos é maior e deve se manter no mesmo patamar neste ano, nossa projeção é que o total de matrículas no EAD [ensino a distância] vai virar e será maior já em 2022”, disse Daniel Infante, sócio da Educa Insights. Ele estima 1,3 milhão de novas matrículas em cursos presenciais e 1,6 milhão no on-line em 2022. No ano seguinte, o número de calouros estudando virtualmente deve ser de 2,5 milhões, ante 1,4 milhão no presencial.
Essa antecipação será decorrente da queda de renda e do desemprego, que devem levar as pessoas a optar por cursos on-line, cuja mensalidade é mais barata, e também devido à migração para o ambiente digital durante o isolamento social. Na visão dos especialistas do setor, a resistência às aulas remotas foi rompida na pandemia. “O nível de satisfação de alunos e professores é elevado, e com isso acredito que haverá maior demanda pelo EAD. Além dos cursos 100% on-line, os alunos podem querer fazer algumas disciplinas a distância”, disse Celso Niskier, diretor presidente da Associação das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), acrescentando que os cursos híbridos são uma das principais tendências do setor.
O estudo da Educa Insights, que entrevistou 1,6 mil alunos, mostra ainda que, entre abril e junho, o volume de pessoas interessadas em ingressar na graduação presencial neste vestibular de inverno caiu 58%. Nos cursos a distância, a redução foi de 9%.
A maioria está adiando o ingresso no ensino superior presencial para 2021 ou quando a situação se normalizar. Infante destaca que as instituições de ensino que não possuem cursos online vão enfrentar dificuldades. “Entre os potenciais interessados em ingressar no ensino superior no meio do ano, 18% tinham intenção de se matricular em cursos presenciais, mas optaram pelo EAD por causa do isolamento”, disse o sócio da Educa Insights.
Segundo o diretor presidente da ABMES, a demanda por cursos on-line vai levar a uma consolidação ainda maior no setor, uma vez que as faculdades precisam fazer investimentos altos em plataformas tecnológicas e muitas faculdades de menor porte não dispõem desses recursos. “Vai ser um cenário desafiador porque os cursos a distância têm um tíquete médio menor, mas uma alternativa são os cursos híbridos que tem uma mensalidade maior”, disse Niskier, que é dono da Unicarioca. Em sua instituição, os cursos estão sendo ministrados com novas ferramentas digitais, além de aulas de inteligência artificial e ciência de dados.
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