Mais 22 coordenadores do Inep pedem demissão; 20 são ligados ao Enem

Mais 22 coordenadores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) pediram exoneração de seus cargos hoje. Desses, 20 trabalham em áreas ligadas ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Os pedidos de demissão acontecem de forma coletiva e, segundo o UOL apurou, como uma medida para pressionar a saída do atual presidente do órgão, Danilo Dupas. O Inep é um órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação) e é responsável pelo Enem e por outros estudos e avaliações da educação.

A reportagem entrou em contato com o Inep e o MEC, mas não obteve resposta. O espaço fica aberto para atualização.

O grupo que pediu exoneração hoje enviou uma carta aos diretores do Inep, ao qual o UOL teve acesso. Nela, os servidores justificaram a entrega dos cargos citando a “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep”.

“Não se trata de posição ideológica ou de cunho sindical. A despeito das dificuldades relatadas, reafirmo o compromisso com a sociedade de manter empenho com as atividades técnicas relacionadas às metas institucionais estabelecidas em 2021”, conclui o texto, escrito no singular, mas assinado por “servidores públicos federais”.

Segundo pessoas ligadas ao Inep ouvidas pela reportagem na condição de anonimato, os pedidos acontecem por discordância das decisões do atual presidente do Inep, Danilo Dupas, que não são consideradas de caráter técnico, e por supostos casos de assédio moral. Outras demissões devem acontecer nos próximos dias.

Dupas é o quarto presidente a assumir o órgão desde o início do governo Bolsonaro, em 2019, e tem sido um dos mais criticados. Todos que passaram pelo Inep durante essa gestão não tinham experiência na área — o que não aconteceu nos governos anteriores.

22 demissões em uma semana

Na semana passada o UOL noticiou o pedido de demissão de Eduardo Carvalho Sousa, coordenador de Exames para Certificação, e Hélio Júnio Rocha Morais, coordenador da Logística de Aplicação.

O Enem acontece em 21 e 28 de novembro. A prova está pronta, mas as mudanças podem atrapalhar os processos que acontecem após aplicação do exame e o cronograma para a edição de 2022, que deveria começar a ser feito nas próximas semanas.

Pediram exoneração hoje: Alani Coelho de Souza Miguel, Camilla Leite Carnevale Freire, Dênis Cristiano de Oliveira Machado, Douglas Esteves Moraes de Souza, Hélida Maria Alves Campos Feitosa, Gizane Pereira da Silva, Leonardo Ferreira da Silva, Marcela Guimarães Côrtes, Natalia Fernandes Camargo, Nathália Bueno Póvoa, Patricia da Silva Honório Pereira, Samuel Silva Souza e Vanderlei dos Reis Silva.

Falta caráter técnico em decisões, dizem servidores

Na semana passada, em assembleia organizada pela Assinep (Associação dos Servidores do Inep), os funcionários denunciaram assédio moral e reclamaram da má gestão.

“O medo é a tônica”, diz o texto divulgado pela Assinep. Os servidores também questionam o fato de Dupas tentar não se responsabilizar por possíveis falhas no Enem e em outros processos do órgão.

Segundo apurou o UOL, ele não teria lido as perguntas do exame e também deixado seu nome de fora das pessoas que podem ser acionadas em caso de problemas durante a aplicação. Ambas as situações, em gestões passadas, tiveram a atuação do presidente do Inep.

“Todas as suas ações demonstram que, na verdade, sua prioridade é resguardar o seu CPF, a ponto de se recusar a fazer parte dos próximos trabalhos das Equipes de Incidentes e Resposta”, complementa o documento da associação.

Os servidores denunciam também supostos casos de assédio moral por parte de Dupas. “Trabalhadores e chefias estão adoecendo mentalmente, em virtude da sobrecarga de trabalho e do clima desfavorável à realização segura das atividades altamente complexas do Inep.”

O UOL procurou o Inep, mas ainda não obteve posicionamento sobre as queixas.

Fonte da Notícia: UOL